A geada registrada durante a semana na região atingiu os produtores de café da Alta Mogiana, em Franca (SP). Em menos de 7 horas a temperatura caiu de 11ºC para -0,3ºC causando um prejuízo avaliado em R$ 1,2 milhões para os cafeicultores.
De acordo com a Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas (Cocapec) as regiões de Jeriquara (SP) e Cristais Paulista (SP) foram as que mais sofreram os efeitos das baixas temperaturas na última semana.
O produtor José Henrique Mendonça afirma que perdeu mais que a metade da sua plantação. "Nosso prejuízo está próximo de 60%. Apesar de passar alguns momentos difíceis nos últimos anos com a escassez hidríca, recuperamos, mas voltamos à estaca zero".
Nas plantações, as folhas ficaram escuras, com a aparência de queimadas e os grãos completamente secos. "Há 16 anos eu não via um fenômeno assim. E não há recuperação, há apenas o manuseio dessa lavoura para os próximos dois anos", afirma Mendonça.
O engenheiro agrônomo João Artires explica o processo que deve ser adotado pelos produtores nesses casos. "É o que a gente chama de esquelatamento de poda. O caule vai queimar por dentro e tem que ver se ele vai voltar a vegetar", comentou.
"Se ela não voltar a vegetar depois de sete dias tem que podar do ponto que queimou para fora, deixando apenas o broto". Segundo o especialista, a recuperação dessas áreas pode levar até três anos.
A cooperativa ainda não tem como contabilizar o tamanho do prejuízo para os produtores devido ao tamanho da região. Mas 16 engenheiros agrônomos atendem 2,4 mil associados que relataram prejuízos em dez cidades de São Paulo e três em Minas Gerais.
Segundo informações do coordenador do setor técnico da Cocapec Fabrício Andrian David, o consumidor vai sentir no bolso o resultado dessa geada na região de Franca. "É muito cedo para falar sobre produtividade, mas por ter menos café o preço para o consumidor vai ser maior".